sábado, 9 de julho de 2011

O HOMEM QUE PERDEU A ROLA



O HOMEM QUE PERDEU A ROLA


Ao Tuca pedi licença,
Pra sua história contar.
É fato não brincadeira
O que tenho pra narrar.
Esta tragédia, amigos,
Foi mesmo de amargar.

Este Caso sucedeu
Em Ipueiras Ceará.
E fez minha cidade
De tristeza até chorar.
A cidade combalida
Nunca viu tanto pesar.

Todos conhecem Tuca,
Nem precisa apresentar.
Dono de um restaurante.
Que é muito popular.
Comerciante querido,
Tem o dom de agradar.

Tuca era muito feliz,
Com filhos e sua mulher.
Também tinha sua rola,
Que sempre estava de pé,
Não largava sua pomba
Um instantinho sequer.

Não sei se foi mau olhado,
Praga ou coisa assim.
Só sei que sua alegria.
De repente teve fim.
O homem perdeu a rola,
Meu Deus que coisa ruim!

Ipueiras toda chorou
Foi grande a comoção.
Não era uma rolinha,
Na verdade era um rolão.
Muita gente importante,
Já tinha passado a mão.

A mulher soluçava
Abraçada ao marido.
E ele se lamentava
Por a rola ter perdido.
Tudo virou tristeza,
Depois do acontecido.

Quando era à tardinha,
Na hora da ave Maria,
Tuca pegava sua rola
Com jeito recolhia,
E agradecia aos céus.
A rola que possuía.

Sua querida esposa,
Entrou numa depressão
Pois sua maior alegria
Era ter a rola na mão.
Ela chora de saudades
Pela rola do patrão.

Tuca perdeu a alegria
Perdeu a satisfação.
Vivia coçando a rola
Por debaixo do balcão
Sem rola e sem alegria
É grande a aflição.

Amigos afagavam
Aquela rola singela
Tuca sempre exibia
Pondo ela na janela.
Era uma boa atração
Todos gostavam dela.

Muita gente chorou
É a mais pura verdade,
Homem que perde a rola
É digno de piedade.
Tem uma vida vazia
Perde a felicidade.

A história dessa rola,
Ainda não acabou.
Não estou de sacanagem,
E lhes peço, por favor.
A rola é um passarinho,
Não o que você pensou!

O martírio dessa rola,
Foi de cortar coração.
Um dia Tuca encontrou
A pomba ferida no chão.
E tratou do passarinho,
Que virou de estimação.

A rolinha vivia solta,
Andando pra lá e pra cá
No ombro de Tuca ela,
Gostava de passear.
Era bem interessante
Era mesmo de admirar.

Até hoje não se sabe,
O que de fato aconteceu.
Se ela foi atrás de Tuca,
E no caminho se perdeu.
Ou se ela foi roubada
Por um infame ateu

Só sei que a rolinha
Foi e deixou saudades.
A família e os amigos
Gostavam de verdade,
Da graciosa rolinha
Que era a novidade.

Tuca perdeu a sua rola,
Porém ganhou um cordel.
Quem pensou em sacanagem.
Não fez bonito papel.
Peço desculpa ao Tuca
Se no relato fui cruel.

Fonte:Cordel de Dalinha Catunda.
               Capa: Xilo de Erivaldo.

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