quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Reflexo da Beleza do sertão

Lembrar dos tempo de casa?
Má rapaz! É bom demais
Ói, um bom tempo já faz
Mas inda arde feito brasa
E a emoção sempre extravasa
Correndo água dos ói
Apertando o peito dói
E agente então macambuzo
Chega inté ficar confuso
Mas o amor num se destrói.

Das criancice Nordestina
Lá dos tempo de escola
Nós corria e jogava bola
E na fila da cantina?
Nós paquerava as menina
Pinicando o ôi pra elas
Dava inté um nó na goela
Quando era pra conversar
Pois sem ter o que falar
A coisa se desmantela.

Era muita presepada
Seja no sítio ou na rua
Sob o Sol ou luz da lua
Tivemo uma infância danada
Brincando pelas calçada
De toca ou de garrafão
Murcegava os caminhão
E bila? também jogava
As mãe bem cedo chamava
E ninguém num ouvia não.

Tem passêi de bicicleta
E as volta pela praça
Proseando, achando graça
As estória dos poeta
Que era as minha predileta
Cantada no mêi da feira
Assunto sério ou besteira
Eles brincando contava
Agente tudin gostava
E acunhava a risadeira.

Se juntava a meninada
Nos açude a pinotar
Aquilo era o nosso mar
E quando dava uma chuvada?
A rua inteira lotada
De menino nas biqueira
Disparado na carreira
E pro céu os véi olhava
Na previsão começava
E era tudin bem certeira.

Agente lá se acordava
Com o cantar dos passarin
E na algazarra eles tudin
Logo cedo começava
Quando o Sol se apresentava
No curral os boi mugia
As galinha já corria
Quando milho nós jogava
Os cachorro se engatava
Se arrastando em latumia.

Quando chegava a noitinha
Com todo aquele alvoroço
Era a vez de cair no poço
Pra salvar as menininhas
Dando aquela bitoquinha
Que chega nós se animava
Os casalzin se formava
E acunhava o pega-pega
Nas parede o esfrega-esfrega
Logo-logo começava.

As muié impiriquitada
Jogando o xaume pros homi
No intenção de saber o nome
Nós ia tomando chegada
E qualquer estória inventada
Botava-se a palestrar
E se ela se descuidar
Nós achunha a cafungada
No pescoço da danada
Pra ela se apaixonar.

Mas Homi! Era muito bom
Tinha as festa de São João
O monte São Sebastião
Com todo fom-rom fom-fom
A baruiada dos som
E agente ali atracado
Com as muié tudo imbeiçado
Todo chei das safadeza
A vida era uma beleza
E eu nem tinha reparado.

Tem as festa de padroeiro
Com sorvete e algodão doce
No bingo? Bati! Nós oiçe
Tem cantor e tem violeiro
Tem novena e tem romeiro
Tem parque com carrossel
Colarzin, pulseira e anel
Nas barraca pela praça
E pro santo, pelas graça
Pistoleta lá no céu.

Esse aroma da pureza
Pelas venta nós sentia
O vento também trazia
Bem de longe uma certeza
Chegando a nós com clareza
E era só agente olhar
E a tal essência ir buscar
Com muita da boa vontade
Sempre com simplicidade
De quem ama o natural.

Era bom demais a vida
E era fácil ser feliz
Eu sempre fui aprendiz
Dessa vivença sofrida
Porém muito colorida
Com as cores do que é mais belo
O meu Nordeste singelo
Que muita lição me deu
É também o espelho meu
E onde eu me vejo mais belo. 

Texto: Paulo Dantas
23/11/2008 

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