sexta-feira, 23 de novembro de 2012

VAQUEIRO DO NORDESTE




VAQUEIRO DO NORDESTE
NA PAISAGEM inconfundível do sertão nordestino , domínio da caatinga ressequida e espinhenta, vive um tipo humano cujas características somáticas e psicológicas são um espelho fiel do meio em que habita. Pequeno no porte, magro e sóbrio de músculos; taciturno e desajeitado em descanso, intrépido e vibrátil quando solicitado para a ação. É o sertanejo do Nordeste, magistralmente descrito, estudado e interpretado pelo gênio imortal de Euclides da Cunha.
Na gravura vemo-lo desempenhando a sua atividade principal — a de vaqueiro.
Povoa a "tapuí-retama" — a vasta região das chapadas e dos tabuleiros do Nordeste brasiliense, terra atormentada ora pelas secas causticantes, ora pelas chuvas torrenciais; onde ventos turbilhonantes sucedem a longos meses de pesadas calmarias. Montanhas graníticas reverberando ao sol rútilos lampejos a ofuscar a vista. Flora castigada pelas intempéries e pelo solo arenoso, ressequido. Cactáceas, bromeliáceas, velosiáceas, apocináceas,. toda a gama da angustiante vegetação xerófila. Porco do mato, caititu,, ema, tapir, e suçuarana, eis algumas espécies de sua fauna bravia. Seres esquivos, brutais, traiçoeiros como a própria terra que lhes serve de berço. Natureza extremada, que não conhece economia, passando do paraíso deslumbrante e fugaz que é a época do "verde" (das chuvas) para o inferno quase permanente da "magrém" (época da seca).
E é neste cenário de desperdícios que nasce, se agita e morre o vaqueiro-nordestino — o mais forte, o mais bravo dos filhos do sertão, — por cuja fortaleza física e moral bem merece se lhe eduque a terra, a fim de que êle se-possa integrar no concerto da civilização brasileira.

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