sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A METEOROLOGIA CABOCLA

A sabedoria do caboclo vem de berço,
Na sabedoria popular é escolado.
Conhece a vida pelo avesso.
Dar lição em grã-fino engomado,
É o melhor professor que conheço,
Cidadão honesto e honrado.
 
Com toda a sua singeleza,
É profeta, filósofo e cientista,
Bom sujeito com certeza.
No improviso, um artista.
Observador da natureza,
O maior de todos os meteorologistas
 
Ao findar dezembro e janeiro:
Diz que as águas virão,
Se anúncia em fevereiro
A voz do estrondoso trovão,
Se as formigas no formigueiro
Em reboliço estão.
 
Se a carnaúba está florada,
O céu tá coberto de nuvem
A previsão é acertada,
É certo que a chuva vem.
A roça já pode ser plantada.
Inverno com certeza tem.
 
O inverno está quase chegando,
A previsão nunca mente,
O sabiá está cantando,
A terra transpira de tão quente.
O tempo está se alterando
Que até dar arrelia na gente.
 
É um sinal que não erra
E chega até a dar medo,
A seriema cantando na serra,
A mãe da lua com seu arremedo.
Vai cair chuva na terra,
É sinal de chuva bem cedo.
 
Vai chover pode apostar:
Diz quem é experiente,
Os passarinhos estão a migrar,
O sapo cururu tá contente,
O vento já começou a soprar,
Do nascente para o poente.
 
Há quem diga que é besteira,
Uma conversa atoa:
O aruá pôr ovos na ribanceira,
Na lua ter uma lagoa.
Mas quando a água cai na biqueira
Dizem que a previsão é boa.
 
Quando na colmeia já tinha mel
E flores nos pés de feijão
O meu pai olhava para céu
E logo fazia sua previsão.
É para ele que ofereço este cordel
De todo o meu coração.

Adão Brandão

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