segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

CORDEL DO SERTÃO

DEFENDENDO A MINHA TERRA!!!
Sendo um sertanejo autêntico
Nascido no pé da serra,
Acho justo e necessário
Defender a minha terra;
Onde o solo é seco e quente
Onde aquela humilde gente
Tem orgulho do seu chão;
Também de ser nordestino,
De onde “Asa Branca” é o hino,
Cantado por “Gonzagão”.

E como representante
De um povo pobre e ordeiro,
Encontro em mim a figura
Do devoto, do romeiro,
Da boiada, do alazão,
Da perneira, do gibão,
Do chapéu de couro e a sela,
Do aboiar do vaqueiro,
Do luzir de um candeeiro,
Do bater de uma cancela.

Simbolizo a macambira,
A jurema, o caroá,
A acauã agoureira,
O temido carcará,
A catingueira, o bom-nome,
As ramas de mata-fome,
Os gorjeios do vem-vem;
O homem que se alimenta,
Só de fava com pimenta,
Cuscuz, angu e xerém.

Um povo de alma singela
Desprovida de vaidade,
Que preserva com orgulho
Sua originalidade;
Sem dispor de instrução
E nem sequer ter noção,
Do que se passa na rua;
Espera o sol se ocultar
Pra que possa apreciar,
O belo nascer da lua.

Sou do juazeiro a sombra,
E do facheiro, o espinho,
Do mandacaru, a fruta,
O canto do passarinho;
Sou fé, oração e prece;
O campônio que padece
Com a seca brava e tirana;
Sou a cascavel malvada,
Sou a abelha arranchada,
No oco da umburana.

Sou saquarema, sou broco,
Matuto do pé rachado,
Feliz por viver distante
Do mundo modernizado
Onde impera as ambições,
E as trapaças dos ladrões,
Envergonham meu país;
Então lhe afirmo; portanto,
Eu, aqui nesse recanto,
Serei muito mais feliz.

Preservo a minha pureza
Bem como a honestidade;
Mesmo sendo analfabeto
Sem ter escolaridade,
Mantenho em Deus minha crença;
Caso apareça a doença,
Feitiço, olhado ou quebranto,
Procuro uma benzedeira,
Ou tomo chá de cidreira,
Erva-doce ou capim-santo.

Jamais abandonarei
O lugar que me deu vida;
E quero permanecer
Na minha terra querida
Mesmo quando o sol abrasa;
Pois aqui me sinto em casa,
No berço em que fui nascido;
E não encontro empecilho;
Por ser dessa um filho
A Deus sou agradecido.

Carlos Aires

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