segunda-feira, 22 de junho de 2015

A modernidade e a vaquejada

TEXTO ENVIADO AO BLOG JATÃO VAQUEIRO POR VALÉRIO FRANÇA
Bom dia amigo! Assim como você, também sou apaixonado pelo Nordeste e fiquei muito triste com o que vi na Vaquejada ontem! Por isso resolvi fazer esse texto!

A modernidade e a vaquejada

Há alguns anos longe das vaquejadas, tive ontem novamente a oportunidade de prestigiar esse esporte genuinamente Nordestino que retrata, como nenhum outro a cultural do povo Sertanejo. Confesso aos nobres amigos que me preocupei com vi, tudo mudado, modernizado, posso até dizer americanizado, me deparei com estruturas faraônicas sobre pneus, caminhões com aparatos ultramodernos, deixaram de ser simples meios de transportes e viraram, camarotes, muitos até boates. Mas não para por aí, cavalo agora para ser bom, tem que ter nome e sobre nome de preferência estrangeiro, e estampado no peitoral, que deixou de ser um acessório do conjunto de montaria, para virar outdoor, os nomes tem para todo gosto variam de “Eternally no sei o quer” a “Shaik bababa”, e por vai, alguns chamados até “Mr”, bem diferente daqueles verdadeiros cavalos catingueiros boieiros chamados de palhaço, xexeu, pecado, granfino, dourado, mordomo e professor, o que deu para perceber mesmo amigos foi que, quanto mais complicado o nome, mais ruim era o cavalo, percebi também que todos se preocupam apenas com o valor do prêmio, não vi aquele companheirismo entre os vaqueiros como antes, hoje não se toma mais cachaça, não se come mais toucinho de porco assado, a bebida tem que ser uísque e de caixa fechada, não se bebe mais para espalhar o sangue ou passar o frio quando a corrida se estendia pela madrugada e sim para mostrar a tal da ostentação, que virou febre nas vaquejadas. Me espantei mais ainda, quando o locutor em plena seis horas fez a homenagem da Ave Maria, usando versos quebrados de locutores de rodeios do sul do País, cadê a criatividade nas toadas, aboios, repentistas, o chapéu de couro e um cigarro brejeiro nem pensar meu amigo, isso tá em extinção, a moda agora é usar uma capacete para correr boi, dizem que é exigência de um tal regulamento.

Ontem, até o sanfoneiro figura indispensável numa festa de gado não vi, podia até ter, mas juro a vocês que não escutei um só tom daqueles que eu escutava no passado nas verdadeiras festas de gado, para você ver nem bebo perturbador tinha, o que percebo é que a figura do vaqueiro homem simples, corajoso que faz da lida com gado o seu ganha pão e sustento para sua família a cada dia se torna mais rara nessas vaquejadas, que hoje se preocupa muito mais com prêmio e esquece da cultura e dos verdadeiros percussores desse nosso esporte. Não sou de maneira nenhuma contra a modernidade e a tecnologia, mas jamais podemos esquecer que tudo começou nos grotões do nosso sertão, com a pega de boi e que naquele tempo, tudo girava em torno da pecuária, a sociedade que não tem cultura e história está pautada ao esquecimento.

Um abraço a todos,

Valério França.

Nenhum comentário:

Postar um comentário