Vivo com muita dificuldade
Sou um humilde agricultor
Que não cursei faculdade
Não me tire a terra, doutor
Não me faça essa maldade.
Apesar de muito sofrimento
Não quero morar na cidade
É daqui que tiro meu alimento
Lá não vou ter oportunidade
Vai ser maior meu lamento
Doutor, tenha de mim caridade.
Dói os calos na minha mão
Mas não quero ir embora
Sei que não é boa a situação
Mas eu saindo daqui ela piora
Se chover vai ter plantação
E a vida da gente melhora.
Meu rosto já está bastante enrugado
Mas sou forte, não me falta coragem
Mesmo andando um pouco cansado
Não pretendo mudar de paisagem
Vejo o povo da cidade estressado
Não tenho dela uma boa imagem.
Não sei viver longe da plantação
Minha esperança nasce todo dia
Na bela chuva que banha o chão
Nos sapos que saem em gritaria
Na vida que depende da vegetação
Nos pássaros que cantam com alegria.
Na roça não vivemos com riqueza
Crescemos com a vida de humildade
Mas é maravilhoso ver a natureza
Sorrir para o dia com naturalidade
Nem tudo aqui representa pobreza
Não quero, doutor, morar na cidade.
Se tiver água e grão, seu doutor
Não haverá tempo ruim pra gente
Dou a minha palavra de agricultor
Que todo mundo vai ficar contente
Se tiver ajuda para o pobre lavrador
Que sabe plantar na terra a semente.
Só quero terra para plantar
Semente e muito respeito
E bastante água para molhar
A lavoura que planto com jeito
Se me tirarem desse lugar
Juro que morrerei insatisfeito.
Lucineide
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