quinta-feira, 27 de agosto de 2015

CORDEL

Matuto Antenado
I
Esse rol não é jornal,
mas tudo vi na telinha.
Quase parei no hospício,
Por ouvir tanta morrinha.
Como prova que não pirei,
Vou contar a ladainha.
II
Agora só na lambança,
a lama vem no pescoço.
Vamos pegar o varejo,
bem lá no fundo do poço.
São curvas de precipício,
tenha cuidado, seu moço.
III
A Pátria é terra rica.
Bufunfa tem de montão.
Por isso tanto aperreio,
motivo pra confusão.
Rios, matas, céu e mar,
ouro debaixo do chão.
IV
Região de clima calmo,
tem por assombro, o trovão.
Da chuva vem enxurrada,
o sol na terra, rachão.
Que sob vontade do homem,
calculo ter solução.
V
Um povo trabalhador
de pouco tempo vivido.
Tem longa trilha pra andar,
mas caminhar decidido.
Pra firmar cidadania,
não se render corrompido.
VI
Educação é carência
no quesito social.
Não é só, falta de estudo,
é também questão moral.
Tem troncho pra todo lado
na disputa marginal.
VII
Saúde, calo que dói,
não considera quem seja.
Atinge todas as classes,
rico que paga, planeja.
Pobre na fila do SUS,
vítima dessa peleja.
VIII
Plano, velhice rejeita.
Pra si, só quer o filé.
Refuga procedimento,
libera só capilé.
No SUS a morte é certa,
mesmo num simples chulé.
IX
Atrelado na bandeira,
pra cima vai todo dia.
Pai nosso de cada mártir
Tem no País moradia.
Violência predadora
De sangue nunca sacia
X
Teatralização da morte,
tem no defunto, diária.
O crime não teme, zomba,
da justiça funerária,
engavetando processo
da vítima ordinária.
XI
Na corte judiciária
Novidades de montão.
Cadeia pra gente grande
Negócio de mensalão.
Alto nível, sim senhor.
O mais fino arrastão.
XII
Não pare no lava a jato
porque não cuida de carro.
Agora lava dinheiro,
o que parece bizarro.
E prêmio pra delator
é mimo que vem de sarro.
XIII
No xilindró de excelência,
réu tem “menu” com salmão.
Emprego com garantia
e passeio sem sermão.
À noite vai pra dormir
no mais suave colchão.
XIV
É xadrez de ostentação
que pega até celular.
Parece mais escritório
pra malandro trabalhar.
“Net” e rede quatro “G”,
sem guarda pra molestar.
XV
A resenha foi sucinta,
nem de longe absoluta.
Pauta de quatro mazelas,
para distinguir a luta.
Agora arregace as mangas,
no prélio seja recruta.
Ed Arruda

Nenhum comentário:

Postar um comentário