terça-feira, 11 de outubro de 2016

CORDEL

Versos de sarapatel
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Traga cá minha buchada
Depois quero um sarapatel
Pois enquanto empalito os dentes
Vou tecendo o meu cordel
Bordando verso por verso
Da ponta ao fim da peste
Desenhando o meu lindo nordeste!

Se não tiver buchada
Pode servir um bom cuscuz
Com leite, nata e piaba
Café feito nessa hora de Jesus
Pois a partir de agora falo
Em versos cabra da peste
Do meu amado nordeste

Essa terra toda abençoada
De caatinga, comadre e pipa,
Estas enfeitando o céu
Enquanto aquelas enfeitam a vida
Brotada na ponta da língua
Do olho cabra da peste
Dos fuxicos do Nordeste

Aqui também tem panelada
Feita das tripas do bode
Porque só come quem pode
Bem mais que o destino
Essa iguaria tem tino
De encabrestar cabra da peste
Nascido nas brenhas do Nordeste

Se estou com tosse
Quero logo lambedor:
Mel, água, folhas da malva
Pelas mãos do curador
Uma reza bem braba
Que expulsa espírito da peste
Feita somente aqui no nordeste

Terra de milho e feijão
Jerimum, melancia e avoete
Carne seca, chifre e cachaça
Pavio, quartinha e Lampião
Jararaca, Curisco e Colchete
Cangaceiro tem como peste
Neste nordeste tão brasileiro

Alegria por aqui se encontra
Nos dias de envernada
De longe se ver a criançada
Correndo na terra molhada
Felizes que nem pinto ciscando
Uma algazarra da peste
Vista aqui no meu nordeste

Nordeste de padre Ciço
Luís Gonzaga e dos Ramalhos
Alceu, Gil, Sivuca, Nando cordel
Geraldo, Marinês e tanta gente
Que não cabe aqui dizer
Tanta peste boa pra valer
Nesse nordeste tão decente

E se não tem a buchada
Pois que me traga uma tripa
Tou aqui em desespero
Com a boca que só saliva
Querendo dizer pr'essa gente
No meu verso já quarado:
Tenho orgulho, cabra da peste
De ser, de origem, daqui do Nordeste!

Marcus Vinicius

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